Somos muitas vidas em uma só; seja pelas reencarnações, seja pelas vidas que cruzam nossa Vida.
Sou de uma geração de muitas e muitas mudanças, de renovações, tolerâncias, resiliência, paciência, criatividade, respeito e desrespeito.
Meus pais nasceram na primeira guerra mundial. Minha mãe em 1916, meu pai em 1921, nascemos em Portugal. Meu pai em Caldas da Rainha, Portugal Continental; minha numa das ilhas dos Açores, na Ilha de São Miguel.
Eu nasci em 1952 quando o mundo estava se reinventando no pós guerra. Também nos Açores, porém na Ilha de Santa Maria.
Só neste início quantas vidas cruzaram e influenciaram de diversas maneiras a nossa vida.
Não conheci os familiares dos meus pais. Provavelmente isso influenciou o desejo de ter uma família grande.
Meu pai contava as histórias dele com as irmãs, minha avó e principalmente minha bisavó, e eu sonhava em ter tudo isso, éramos só nós três sou a filha do meu e única. O José Manuel partiu com 10 meses ainda antes de eu nascer e alguns anos após a Ana Carolina partiu ao nascer e com ela o desejo de ter uma irmã.
Já adulta e com dois dos meus três filhos meu desejo se realizou. Soube que tinha uma irmã em Caldas da Rainha e começamos a nos conhecer por telefone, mas ela se foi antes de poder conhece-la pessoalmente e abraçá-la.
Tive a graça com meu filho de conhecer suas filhas, marido e netos em 2016. Fomos acolhidos com muito carinho e o desejo de ambas as partes de um recomeço sem o peso de decisões que não foram nossas.
Trás um calor ao coração saber que mesmo longe, eles em Portugal e eu no Brasil uma ponte foi criada desfazendo antigos sentimentos, e novas esperanças de nos encontrarmos novamente com abraços e compartilhamentos que hoje são só pela mídia.