Muitos de nós somos como uma noz. Totalmente fechados, enclausurados em nosso mundinho. Às vezes a casca se entreabre um pouquinho. E não adianta bater, tentar quebrar a casca que ela não quebra. Parece que empedrou. Nada entra, nada sai, porque o entreaberto é apenas uma fresta por onde não conseguimos abri-la (guardei uma noz pequena assim por muitos anos, desisti de abri-la, era minha relíquia, guardava-a guardava-a como se guarda uma pedrinha especial, acabei perdendo-a sem abrir).
Um dia depois de tantas tentativas parece que ela incha por dentro e a uma simples pressão a faz abrir-se ao meio em duas metades perfeitas.
Quando permitimos que o ar entre pela fresta da casca que criamos em nós, junto vem tudo que está ao nosso redor e não temos mais a casca perfeita que nos isolava de tudo, que era nossa proteção do mundo, mas não de nós mesmos. Vão surgindo pequenas rachaduras. Começamos a criar defesas contra o que consideramos intrusos do nosso eu interior. Nos rebelamos contra todos e contra nós mesmos por termos permitido que isso acontecesse.
Entre alegrias pelas novas descobertas do trato com o mundo exterior e as tristezas pelas lutas interiores, vamos descobrindo novas capacidades, novos horizontes, novos amigos que gostam de nós e não simplesmente tem interesse no que podemos dar.
Um novo mundo se descortina. Sentimos medo, nos aventuramos pelas sombras do medo em busca do sol que sabemos brilhar para nós.
No caminho tropeçamos, levantamos, batemos cabeça, porém vamos percebendo como o mundinho dentro da casca de noz era pequeno, protetor, mas não nos deixava espaço para expansão. Vamos nos expandindo cada vez mais pelas frestas, rachaduras, que se abrem e vamos fazendo novas descobertas de sentimentos e emoções.
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